A Verdade que liberta
No
início deste período quaresmal, o Evangelho (Mt 4,1-11) do 1º domingo nos traz a passagem
que mostra Jesus Cristo sendo tentado pelo diabo no deserto. Por três vezes o
diabo tenta Jesus, mas o Filho de Deus não se deixa vencer pela tentação. É com
o conhecimento da Verdade que Ele combate o inimigo no deserto. Jesus Cristo
vence com a Verdade a mentira do diabo. Apesar de se tratar, num primeiro
momento, de um tema teológico, esse Evangelho pode ser meditado com um olhar
filosófico. Na Liturgia da Palavra vemos que o Bem vence o mal, que a Verdade
desmascara a mentira.
O Bem e a Verdade são conceitos abordados
desde o início da Filosofia e que também são temas do Evangelho desse 1º
domingo da quaresma, e um filósofo chamado Platão narra uma história que nos
ajuda a compreendermos um ensinamento que Cristo quis nos deixar: vencermos as
tentações por meio da Verdade. De forma breve, a história que este filósofo
conta é a de um homem que habitava no fundo de uma caverna juntos com outras
pessoas e que esses acreditavam que a realidade era aquilo que se mostravam a
eles por meio de sombras. Todas essas pessoas estavam presas e a única coisa
que viam eram essas sombras. Esse homem que habitava no interior da caverna
conseguiu se libertar das correntes e começou a ir em direção da entrada da
caverna e ao fazer esse percurso ele pode notar que aquilo que ele via na
parede eram apenas sombras projetadas pela fogueira que havia no meio da
caverna. Por fim, esse homem chega à entrada da caverna e num primeiro momento
tem os seus olhos ofuscados pela luz do sol, mas depois ele consegue contemplar
o que existe fora da caverna e vê que tudo que há dentro da caverna é falso. Em
seguida esse homem volta para o interior da caverna para fazer com que os
outros que lá estavam também contemplem a Verdade que ele contemplou, mas a sua
tentativa é sem sucesso.
Essa
história conhecida como “o mito da caverna” retrata a seguinte realidade: a
busca pela Verdade faz o homem se libertar das correntes que o prendiam e a
contemplação da Verdade faz esse mesmo homem não querer viver mais naquela
realidade cercada de falsidade e ilusão e ele tenta fazer com que as pessoas
que se encontravam na mesma realidade que ele também possam contemplar a
Verdade e parem de ser enganados pelas ilusões daquela realidade. A ilusão é
como a tentação, ela mascara uma realidade que não é verdadeira, mas para
escapar dessa ilusão é preciso ter contemplado a Verdade. Jesus sabia que tudo
aquilo que era apresentado pelo diabo era uma ilusão e Ele nos mostra como
combatermos as tentações. Um ensinamento se passa pela vontade, ele controla
seu apetite, mesmo estando quarenta dias sem comer; o segundo é o conhecimento
da Palavra de Deus. De modo um pouco análogo: a vontade faz o homem quere sair
da caverna e o conhecimento da Verdade o liberta das ilusões; no Evangelho,
Cristo Jesus também mostra que para se livrar das tentações é necessário a
vontade e o conhecimento a Verdade.
Deste
modo podemos ver como as reflexões filosóficas podem auxiliar a caminhada do
cristão rumo a contemplação eterna da Verdade e como podemos ajudar àqueles que
ainda estão em suas cavernas e não contemplaram a Verdade, que é Cristo Jesus.
escrito por: Felipe Batista de Oliveira
(Bacharel em Filosofia)
Parabéns! Bela reflexão, meu filho.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir