A realidade da vida após a morte
O 2° domingo da quaresma nos
apresenta o Evangelho segundo são Mateus em que é abordado a transfiguração de
Jesus Cristo, o tema principal deste Santo Evangelho, outro tema, entretanto, é
abordado: o anúncio da ressurreição do Filho de Deus. Começaremos nossa
reflexão por esse último, que torna-se muito interessante, visto que hoje,
entre os católicos, existem aqueles que creem na reencarnação e em vidas
passadas. O Evangelho desse domingo faz cair por terra tais crença. Porém, para
esclarecer tais assuntos, é necessário entendermos, de forma breve, a criação
de Deus chamada homem.
Segundo Santo
Tomás de Aquino, Deus criou o homem como uma unidade substancial composta de
matéria e forma (corpo e alma). Isso significa que cada ser humano é um ser
único e por isso não se torna possível a reencarnação de uma pessoa no corpo de
outra.
Se João morre, a alma dele não
encarna em outra pessoa, mas aguarda o dia do juízo final, no qual haverá a
ressurreição de todos e no qual uns irão para o inferno e outros irão para o
céu, de acordo com as atitudes que tiveram enquanto viventes nesta terra em que
habitamos.
Sabemos que existe o inferno, o
purgatório e o céu; e que cada um de nós após a morte vai para um desses lugares.
Deste modo, se João morre, o seu corpo se corrompe e sua alma vai para o céu,
para o purgatório ou para o inferno. Pode surgir uma questão aqui de como a
alma passa a existir sem o corpo. O próprio Santo Tomás responde tal
questionamento dizendo que a alma humana pode subsistir sem o corpo após a
morte pois existe nela algo que não necessita de corpo: a capacidade de
inteligir. É também com esta afirmação que a imortalidade da alma, assunto
muito debatido na Idade Média, é comprovada. Por isso se afirma que os animais
quando morrem não vão para o céu, pois a alma existente nos animais não tem
essa capacidade. Todas as funções da alma sensitiva estão ligadas ao corpo, se
o corpo perece, a alma tem o mesmo fim. O mesmo não acontece com o homem, pois,
segundo Santo Tomás, existe na alma humana uma faculdade que opera sem ter
ligação com o corpo. Quando o corpo perece, a alma não perece junto com o corpo
por causa dessa operação, que é o inteligir.
Após termos esclarecido o porquê
de não haver reencarnação em outro ser ou pessoa quando morremos e como é
possível existir uma realidade de vida após a morte do corpo, torna-se
interessante refletirmos sobre a nossa vivência nesta terra, visto que o
Evangelho nos mostra a perspectiva de uma realidade após a morte.
A vida não se encerra com a
morte do corpo, e a transfiguração de Jesus é uma “prévia da realidade eterna
do céu”. No alto da montanha, perante Jesus Cristo transfigurado, São Pedro
diz: “Senhor, é bom estarmos aqui” (Mt 17, 4). Vemos com isso o quão bom era
aquela “prévia do céu”, pois os discípulos não queriam descer da montanha. E
nós, o que queremos depois de nos ter sido revelada tal realidade? E se
almejamos a vida eterna, o que fazemos para possuir tal herança? Para que
possamos percorrer o caminho que nos leva até o céu, e esse caminho é o próprio
Cristo Jesus, devemos nos atentar as seguintes palavras: “Este é o meu filho
bem amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o” (Mt 17, 5).
Escrito por: Felipe Batista de Oliveira.
(Bacharel em Filosofia)
Parabéns! Ótimo texto.
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