A cegueira a ser curada

O 4º domingo da Quaresma nos apresenta no Evangelho segundo São João a cura de um cego de nascença e o motivo da encarnação do Verbo. Num primeiro momento, Jesus cura o cego e em seguida este que era cego de nascença passa a dar testemunho de sua cura. Porém, isso lhe causa um problema, pois os fariseus o chamam para um interrogatório e após esse evento àquele que era cego de nascença é expulso da comunidade. Este homem que havia sigo curado encontra, Aquele que o havia recuperado a saúde de sua visão. Neste encontro, Jesus pergunta a esse homem se ele acreditava no Filho do Homem e aquele que tinha sido curado diz que acreditava e se prostra perante Jesus Cristo, que lhe diz: “Eu vim a este mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não veem, vejam, e os que veem, se tornem cegos” (Jo 9, 39). Foi para a manifestação da verdade que a sabedoria divina se encarnou e veio ao mundo, como afirma São João: “Eu aqui nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37). Portanto, podemos compreender que é perante a essa Verdade que uns passarão a enxergar e outros não. Assim, temos com isso uma visão escatológica da nossa fé.
O homem busca a verdade por diversos meios, um deles é pela fé. Mas existe uma outra forma de buscar a essa verdade, que é pela Filosofia. São Tomás de Aquino prova que por meio da razão se chega a essa Verdade. Diz o Aquinate que o fim ultimo do universo é o bem do intelecto, que é a verdade. Donde ser a verdade o fim ultimo de todo universo. O Doutor Angélico diz ainda ser o ofício do sábio contemplar as causas altíssimas, logo, cabe ao sábio contemplar a verdade. Vale lembrar que a palavra Filosofia significa “amigo da sabedoria”, por isso o filósofo deve se ocupar da busca pela verdade. Diz São Tomás, que a Filosofia Primeira (Metafísica) “é a ciência da verdade, mas daquela verdade que é a origem de toda verdade, isto é, que pertence ao primeiro princípio do ser e de todas as coisas”. Sendo Deus o princípio e o fim, na busca pela verdade ou na contemplação da mesma, o homem encontraria Deus.
Deste modo, o conhecimento da Verdade pela fé e pela razão se complementa, por uma se experimenta e pela outra se conhece, ma tem o cunho mais pessoal, é um encontro entre duas pessoas; a outra tem o contato entre dois logos. Porém, o que importa é; quem somos perante o Verbo Divino? Somos os cegos que procuram a Verdade e a visão ou somos os que enxergam e ignoram a Verdade? Seja como for, ainda é tempo de conversão. Resta-nos reconhecermos necessitados da graça de Deus para não nos afundarmos na soberba acreditando já saber tudo, já saber de toda a verdade. Que assim possamos ter a postura do cego de nascença, que tendo a cura e se deparando com a Verdade Eterna, se ajoelhou e o reconheceu como Salvador da humanidade. É na postura do reconhecer de nada saber que se alcança a verdadeira sabedoria.
Felipe Batista de OliveiraBacharel em Filosofia

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